sábado, 29 de julho de 2017

O deficit histórico das contas públicas do Brasil governado por Temer

Quando houve a ruptura institucional foi dito por diversos estudiosos que: "o governo é provisório, mas o estrago é permanente". Eles estavam cobertos de razão. Pelo resto da história do nosso país os reflexos desse governo serão sentidos pela população. Ademais, esses rombos nas contas públicas causados por Michel Temer, certamente, trarão muitos problemas aos brasileiros pelas próximas décadas.


Antes da saída da presidente eleita Dilma Rousseff o que diziam sobre o seu governo era que o Estado gastava demais e o país iria quebrar se continuasse no rumo em que estávamos seguindo de despesas muito superiores as receitas. Ainda em 2015, todas as previsões realizadas pelo governo e instituições financeiras do setor privado, antes da saída da presidente, demonstravam que o Brasil sairia do período de recessão já no segundo semestre de 2016 ou no mais tardar no decorrer do ano de 2017, já com a perspectiva de superavit das contas públicas e crescimento do PIB para o ano atual.

O que houve de errado? Assim que Michel Temer assumiu o poder começou a cortar investimentos e créditos das nossas empresas retirando recursos do BNDS, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, isso para potencializar a atuação dos bancos privados que foram os grandes financiadores da derrubada da presidente eleita. Essas ações foram tomadas em articulação com outras decisões de cunho neoliberal, adotadas pelo seu Ministro da Fazenda Henrique Meireles, como redução dos investimentos governamentais através da PEC 241, contingenciamento de recursos do PAC, entre outras ações visando reduzir os recursos investidos pelo Estado.

As promessas eram que essas ações retomariam a confiança dos investidores que potencializariam industria nacional, gerando empregos e aumentando a atividade econômica, fazendo com que a arrecadação Estatal aumentasse e o país voltasse a ter crescimento econômico e superavit em suas contas. Eles esqueceram apenas de combinar tudo isso com os empresários nacionais e internacionais. 

Um país para ter a confiança do mercado precisa ter estabilidade financeira, social, política e jurídica, tudo que o Brasil perdeu nesses últimos anos. Financeiramente o Brasil vinha bem até que as manifestações de julho de 2013 instaurassem uma crise geral no país reduzindo abruptamente a popularidade da então presidente Dilma. Como o mundo passava por uma crise financeira e a China principal importadora do Brasil teve um crescimento abaixo do esperado, nesse ano, o valor das commodities, minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas, caiu muito, fazendo com que o Brasil perdesse boa parte dos seus lucros através das exportações. No ano seguinte houve uma forte seca no Brasil aumentando muito os gastos do governo, especialmente, com energia elétrica e isso gerou forte impacto nas nossas finanças que já não estivam muito bem, mesmo antes das primeiras tentativas de ruptura institucional. Em 2015 a crise política deixou o país parado por alguns meses, fazendo com que o governo tivesse que reduzir os seus investimentos o que impactou muito na sua arrecadação, que já havia diminuído muito, devido ás principais empresas nacionais estarem sendo investigadas pela Lava Jato.

No campo social as mobilizações de julho de 2013 balançaram o Brasil, que até então estava estável nessa área. Depois desse período houve foi uma polarização de grupos da sociedade de visão a direita e a esquerda, o que não se estabilizou mais nos anos seguintes, culminando em 2016 com a queda da presidente Dilma Rousseff. A política é completamente influenciada pela estabilidade social e financeira de um país, que não vinha bem. Ainda quando Dilma assumiu Eduardo Cunha e os políticos de oposição faziam de tudo para atrapalhar os planos da presidente na economia e após a sua queda, com Temer no poder colocando diversos Ministros investigados pela Lava Jato, a cada mês um deles era derrubado por estar envolvido em corrupção e, assim, a instabilidade política ficou ainda mais intensa após a mudança de governo que continuou sofrendo com as ações da Lava Jato. 

Juridicamente o que se viu foi ainda mais grave, a Lava Jato destruiu boa parte da nossa indústria de construção pesada, influenciou fortemente nas eleições de 2016 e atua de forma extremamente política, inclusive divulgando áudios da então presidente Dilma Rousseff com o ex-presidente Lula, sem autorização de órgãos competentes para tal. Como confiar nas instituições em um país assim? Se você fosse investidor estrangeiro você investiria em um país em meio a essa bagunça institucional?

Sem investimentos públicos os empresários brasileiros também não investem, pois os seus recursos, quando aplicados na especulação financeira, bolsa de valores ou títulos da dívida pública que, no Brasil são os mais lucrativos do mundo, tendem a render mais do que investimentos no setor produtivo. Assim, o que se viu após essa redução de investimentos governamentais, em conjunto com Lava Jato que afetou drasticamente as nossas principais empresas, foi uma queda abrupta de empregos, que teve recorde histórico nos últimos meses, com mais de 14 milhões de desempregados, trazendo como resultados uma queda nossa atividade econômica, na arrecadação estatal e consequentemente o maior deficit primário da nossa história no primeiro semestre de 2017.

Para se ter uma ideia do tamanho do rombo nas contas públicas brasileiras nesse ano, o deficit primário foi de R$ 56 bilhões de reais, valor superior ao do ano passado em quase R$ 20 bilhões de reais, sendo que no ano de 2016 estávamos passando pelo processo de Impeachment de uma presidente o que certamente trouxe insegurança para os investidores, afetando fortemente a arrecadação governamental. Lembro a vocês ainda, que a proposta da Dilma para o Ano de 2016 era de um deficit de 30,5 bilhões no início do ano de 2016 o que causou um profundo estardalhaço da mídia a respeito do tema, dizendo que o Brasil com essa meta estava caminhando rumo ao abismo. A meta de Michel Temer foi aumentada para 170 bilhões meses após, quando a presidente Dilma foi retirada do cargo, sem maiores comentários negativos da mídia.

Porque o governo insiste em seguir esse caminho econômico? Esse governo foi colocado pelos grandes empresário, banqueiros e investidores, que continuam lucrando com a crise. O lucro desses grupos vem em detrimento da piora das condições de vida de toda a população brasileira, mas isso não importa aos nossos governantes representantes desses capitalistas. Fica claro que a população não é levada em consideração pela maioria dos nossos congressistas atuais, quando Michel Temer, mesmo com a popularidade que possui, a menor da história, de apenas 5% da população, tem apoio total e irrestrito de alguns dos principais partidos do país no Congresso Nacional sendo eles: o PMDB, PSDB, DEM e PP. Esses partidos representam os interesses das classes dominantes do país e enquanto estiverem dominando as nossas casas legislativas sempre defenderão esses grupos em detrimento do futuro do nosso povo e da nação brasileira.

Como mudar de rumo, se a maioria da população já entende que o Brasil está no caminho errado? Segundo uma pesquisa realizada pela empresa Ipsos 95% da população brasileira acha que o Brasil está no caminho errado. Se o caminho está errado, isso se dá porque a população não está vendo os seus interesses representados, principalmente, pela classe política. E como a representação popular conferida pela Constituição está na Câmara dos Deputados o foco de mudança por parte da população deve ser no parlamento.

Historicamente as nossas casas legislativas tinham como principais representantes empresários, grandes latifundiários e agora bancadas religiosas. Esses políticos das casas legislativas, são os maiores responsáveis pelos caminhos do país, já que são eles que decidem todas as pautas de votação e quais as leis serão aprovadas no país, incluindo, o seu orçamento. Mas, no momento das eleições o foco é colocado sempre no executivo deixando os parlamentares para segundo plano. Se queremos mesmo mudar o Brasil é essa concepção é que temos que mudar. Tanto o executivo quando o legislativo é fundamental para mudar a nossa política, portanto, nós eleitores temos que aprender a votar em partidos que representam os verdadeiros interesses da maioria tantos nas eleições majoritárias quanto nas proporcionais.

Como exemplo de como ter um legislativo ruim pode impactar nas nossas vidas, Michel Temer mesmo depois de cometer todos os delitos que cometeu com comprovações trazidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, pode não ser sequer investigado, porque os nossos representantes na Câmara dos Deputados não representam os nossos interesses e sim apenas aos interesses deles próprios. A compra de deputados aqui no Brasil hoje ocorre a céu aberto, não se tem mais vergonha de ser comprado perante a toda a população. Onde está o pragmatismo político dos nossos representantes? Deixou de existir quando tiveram certeza que o povo não os acompanha e que eles, em tese, não dependem do povo para serem eleitos.

Portanto, a única forma de mudar os rumos do nosso país é colocarmos um grande número de pessoas que pertencem a sociedade real nas nossas casas legislativas. A população precisa se organizar para se fazer representada nos espaços políticos ou as nossas vidas continuarão a ser gerenciadas por pessoas que não levam o povo em consideração nos momentos das discussões mais importantes do país. Cabe ao povo buscar representantes dos movimentos sociais, sindicais, representantes dos trabalhadores, dos estudantes e dos movimentos ligados a população para nos representar nesses espaços políticos. Fazendo essa mudança, certamente, o Congresso Nacional deixará de ser uma das instituições menos confiáveis do país, a corrupção tenderá a reduzir muito e o povo terá a chance de melhorar as suas condições de vida.

O momento é oportuno para que a população perceba aqueles políticos e partidos que estão ao seu lado e os que defendem apenas os interesses dos empresários e dos corruptos comprovados que dominam a nossa política. Cabe a nós buscarmos estratégias e nos organizarmos para dizimar esses partidos que votam insistentemente contra o povo das nossas casas legislativas e preencher esses espaços com pessoas que representam realmente os interesses do povo. Só assim mudaremos o Brasil.

Anderson Silva

Leia mais em: PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA DE SERVIDORES PÚBLICOS. QUAL O RESULTADO DESSA PROPOSTA?
Link: http://andersonsilvaesociedade.blogspot.com.br/2017/07/programa-de-demissao-voluntaria-de.html

terça-feira, 25 de julho de 2017

Programa de Demissão Voluntária de Servidores Públicos. Qual o resultado dessa proposta?

Em 2013 a sociedade brasileira foi as ruas pedindo melhorias dos serviços públicos, especialmente, nas áreas de educação, saúde e transporte. O que recebemos como resposta após a queda de Dilma Roussef foi a PEC 241, que congelou os gastos públicos por 20 anos e agora um Programa de Demissão Voluntária (PDV) que reduzirá o número de servidores e a qualidade dos serviços públicos prestados a população.


As mobilizações de julho de 2013 prometeram mudar a realidade brasileira para melhor. Milhões de pessoas foram as ruas por melhoria dos serviços públicos e buscando um maior retorno dos seus impostos.

Entretanto, o que se viu nos anos seguintes foi uma ação da mídia, juntamente com grupos financiados pela direita, mudarem o discurso de melhoria dos serviços públicos para o de combate a corrupção. Essa mudança ocorreu de forma estratégica fazendo sempre uma associação entre uma ideologia moralista e a ligação da corrupção com grupos de esquerda. As ações da justiça como vazamentos seletivos de delações premiadas e prisões de políticos ligados ao PT, alguns deles sem provas, levaram a população a avaliar que a culpa da nossa corrupção era do executivo, no caso da presidente da república, exatamente aquela que estava deixando as investigações ocorrerem de forma mais livre para a punição daqueles que haviam cometido algum crime.

Nesse contexto, as eleições de 2014 foram as mais polarizadas da história do Brasil, a qual, surgiu uma onde de histeria popular entre os dois grupos que disputavam o governo, Dilma Rousseff representando a esquerda e Aécio Neves representando a direita.

O que ocorreu de forma prática é que Dilma Rousseff conseguiu a vitória no executivo, entretanto, elegeu-se o congresso mais conservador da história do Brasil, com políticos altamente neoliberais e envolvidos em escândalos de corrupção, especialmente do PMDB. Assim, o Congresso elegeu Eduardo Cunha, hoje preso pela Operação Lava Jato, como presidente da Câmara dos Deputados e responsável por toda a pauta de votação de projetos do país. Logo após assumir Cunha mudou todas as pautas levantadas por Dilma para discussão no Congresso, travando as suas ações que visavam combater a crise econômica em que o país vivia, votando inúmeras propostas que aumentavam os gastos públicos, chamadas naquele momento de "pautas bombas". Essas ações do presidente da Câmara dos Deputados gerou uma profunda insegurança no país o que reduziu os investimentos e consequentemente trouxe uma queda na arrecadação do governo.

Com isso, o governo começou a atuar com ações voltadas para um ajuste fiscal, tendo dificuldade de se manter no poder após a aceitação do seu pedido de Impeachment, por Eduardo Cunha, fato que aumentou ainda mais a instabilidade política no país. Essas ações levaram a política fiscal brasileira a ruína, com uma queda de arrecadação cada vez mais brusca a cada trimestre. Com os impactos da Lava Jato sobre as nossas principais empresas vieram também uma queda nos investimentos em infraestrutura, desemprego e queda na atividade econômica nacional.

Após esses acontecimentos a então presidente Dilma Rouseeff foi afastada da presidência e o que se viu a partir daí foi a implementação de uma política neoliberal, visando a redução do Estado e dos serviços públicos em detrimento do mercado financeiro e privado, lógica totalmente contrária a cobrada e apresentada nas mobilizações de julho de 2013, que pediam uma melhoria nos serviços públicos que só ocorreriam com maiores investimentos.

O governo Temer retirou a exclusividade do pré-sal da Petrobrás, o qual os royalties do Petróleo já estavam destinados para a saúde e a educação, que agora vão para as empresas internacionais. Depois disso, aprovou, com o Congresso mais conservador da nossa história, a PEC 241 que congelou os investimentos em todas as áreas do estado, saúde, educação, segurança, transporte e outras, por 20 anos, contrariando ainda mais drasticamente as movimentações do ano de 2013 que pediam exatamente a melhoria desses serviços. E o passo seguinte foi acabar com os direitos trabalhistas com a aprovação da Terceirização Irrestrita e da Reforma Trabalhista.

Os projetos futuros do governo são de mais retirada de direitos populares com a Reforma da Previdência para os Servidores Públicos Federais e esse Programa de Demissão Voluntária de servidores, que tem embutido em seu projeto a possibilidade de redução da carga horária dos funcionários públicos com redução proporcional dos salários. É o primeiro passo de uma demissão em massa de servidores o que tenderá a precarizar ainda mais os serviços prestados a população, que hoje já estão muito abaixo do ideal.

Enquanto isso o governo aumenta a sua arrecadação com um reajuste de impostos que afetam os valores dos combustíveis, fazendo com que o preço da gasolina tenha o maior aumento dos últimos 13 anos. Michel Temer aumentou também os seus gastos com Emendas Parlamentares destinadas aos deputados aliados em bilhões de reais e, ainda, aumentou o número de cargos comissionados em 20 mil, quando comparado ao governo anterior, após ter prometido cortar mais de 50 mil desses funcionários assim que assumiu o poder. A lógica é tirar daqueles que pouco tem a contribuir com a politicagem instaurada em Brasilia e repassar esses recursos a aqueles que tem muito ou que podem dar algum retorno político no presente ou no futuro. É literalmente o governo contra o povo.

Esperamos que em algum momento a população reaja como fez em 2013. Que demonstre a esses governantes que lutar contra o povo e os seus direitos trazem consequências. Mas isso só será possível se a exemplo do que ocorreu em 2013 os grupos políticos entenderem que a lógica desse governo é dividir para conquistar. Enquanto o povo fica lutando entre Direita e Esquerda, os nossos governantes estão destruindo o nosso país e o direito desses dois grupos, que infelizmente padecerão abraçados em um país arruinado por estar sendo governados pelos maiores corruptos da nossa história.

Que o gigante acorde novamente, mas agora no intuito de resolver os verdadeiros problemas do país que eu citaria como alguns dos principais: redução de privilégios aos políticos, reforma política, respeito a Constituição e eleições diretas para presidente da República. Só um novo presidente eleito pelo povo teria a legitimidade para mudar os rumos do nosso país que passa por um momento tão complicado. 

Anderson Silva

domingo, 23 de julho de 2017

Lula e a sua representação

A elite, a mídia e a justiça brasileira não quer destruir apenas o Lula, mas sim, o que ele representa em conquistas sociais, distribuição de renda e ascensão das classes menos favorecidas do país que foi a maior da história durante os seus mandatos.


Pouco a pouco a população brasileira vai percebendo o que alguns grupos, especialmente, de concepção política à esquerda diziam antes do Impeachment da presidente Dilma Rousseff: o golpe não é contra Dilma e sim contra você trabalhador ou que pertence as classes mais humildes do país. 

Nos meses que sucederam a ruptura institucional foram aprovadas as seguintes matérias: a PEC dos gastos públicos, que limitou o aumento do salário-mínimo e os investimentos em áreas sociais do país por 20 anos; logo após foram aprovados os projetos de lei que tratavam sobre a terceirização irrestrita e a reforma trabalhista que rasga literalmente a CLT e os direitos trabalhistas vigentes há mais de seis décadas no Brasil. Juntando essas duas últimas leis citadas, há uma precarização drástica das relações de trabalho no país. Entretanto, as mudanças para os trabalhadores não param por aí, pois, no futuro ainda virão as discussões sobre a reforma da previdência que trará a necessidade de mais anos de trabalho e contribuição para se conseguir o direito a aposentadoria. 

Além de tudo isso, o governo tem contingenciado recursos para a educação, saúde e ciência e tecnologia como nunca, reduziu os programas sociais criados pelo PT no seu governo e essa semana jogou um balde de água fria na classe média aumentando impostos que incidem sobre combustíveis, que tende a aumentar em, pelo menos, R$ 0,40 centavos o litro de gasolina. Esse aumento se deu após Michel Temer liberar bilhões de reais em emendas parlamentares para que fosse vitorioso na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados no processo que pede a sua investigação.

Enquanto tudo isso acontece o foco da mídia, da justiça e da elite está em não deixar que Lula seja candidato em 2018, pois, caso seja, eles sabem que a possibilidade de sua vitória é muito grande. Após condenar Lula sem provas, nessa semana, Moro com apoio desses setores da sociedade pediu para bloquear todos os bens do ex-presidente, de forma também arbitrária como tem sido todas as suas ações contra Lula. Esse foi mais um ataque do juiz visando demostrar a sua força e aumentar o seu apoio por parte da opinião pública. 

Porque esses grupos têm tanto interesse em destruir a figura do ex-presidente? Lula não é apenas uma auto representação. Lula representa acima de tudo a inclusão de toda uma população antes marginalizada que não tinha acesso aos serviços públicos e que passou a ser reconhecida pelo Estado como cidadãos após o seu governo. Lula representa o acesso aos programas sociais, ao um salário-mínimo mais digno e que fez com que as classes mais humildes se tornassem consumidores; representa o acesso ao ensino superior de uma grande parte da população de origem humilde, o aumento do consumo no mercado interno, dos investimentos, do repeito do Brasil internacionalmente entre muitos outros avanços. Representa emprego, representa aumento vigoroso em salários, representa comida na mesa da população mais pobre e que foi sempre marginalizada pelo Estado. Além disso ele representa uma parcela significativa do povo brasileiro. Não é atoa que em plena a quinta-feira fria de São Paulo ele conseguiu levar mais de 70 mil pessoas a Avenida Paulista para o prestar apoio e solidariedade após a condenação de Moro nos dias anteriores. 

Mas, o governo Lula não beneficiou apenas as classes subalternas, mas sim, todos as classes sociais do nosso país. Nunca a nossa economia movimentou tantos recursos, tivemos um crescimento tão vigoroso, as empresas e os bancos cresceram e lucraram tanto na história do nosso país. Assim, certamente a classe média e alta participaram mais efetivamente desses avanços do que qualquer outra classe social do país, lucrando vigorosamente com as políticas expansionistas do governo Lula que geraram um crescimento exponencial da economia nacional. Não é atoa que Lula saiu com mais de 87% de aprovação ao final de seu governo reconhecido de forma muito positiva, inclusive, por essa classe média e rica que hoje o condena.

Então porque a elite tem uma revolta tão grande contra Lula? Infelizmente a elite brasileira não quer a evolução de toda uma sociedade nos moldes em que ocorreu nos governos petistas. A nossa elite, infelizmente, quer exclusividade tanto nos produtos consumidos, quanto nos espaços em que ocupam e se esses espaços são ocupados por outras grupos sociais de origem mais humilde, inclusive, no caso do próprio Lula, que ocupou o principal cargo da república sendo um ex-metalúrgico, eles não aceitam, pois possuem uma visão atrasada de sociedade, o qual, a separação de classes deve ser clara e mantida. O que Lula fez ao sair da situação social em que tinha para se tornar presidente da República foi uma afronta a classe mais rica desse país que nunca conseguiu fazer um governo melhor do que ele em mais de 500 anos de história. 

Mas, o problema maior não é a nossa elite, que em número de pessoas é a menor classe que temos no país atualmente, e sim, a nossa classe média, que graças aos governos petistas se tornou a maior classe, em número de pessoas, existente no país. A nossa classe média ao apoiar a ruptura institucional não percebeu que eles seriam os maiores prejudicados nesse processo, já que tenderiam a perder investimentos, a economia tenderia a ter problemas em se recuperar da crise e da desestabilização política, econômica e social, gerando ainda mais desemprego, que consequentemente traz quedas nas vendas, o que afeta diretamente a classe média. 

Porque a classe média não percebe que perdeu com o Impeachment? A classe média brasileira sempre se achou elite e quis imitar a nossa elite em todos os espaços e períodos da nossa história. O problema é que em alguns momentos, no passado recente, eles melhoram as suas condições de vida e o seu padrão de consumo, graças as mudanças econômicas que o país viveu nos governos do PT, e começaram a sentir mesmo que fazem ou devem fazer parte de um grupo seleto da nossa sociedade, ou seja, da elite. Entretanto, eles não tem a mínima ideia do que é ser elite de verdade e a verdadeira elite jamais deixará que eles atinjam esse patamar. Assim, quando a elite toma o poder joga essa classe média de volta para o seu devido lugar como está sendo feito agora no governo de Michel Temer. Algumas frases das redes sociais representam muito bem essa visão da classe média brasileira, que formam as suas opiniões, principalmente da mídia televisiva, que é alienante e totalmente elitista:

A classe média brasileira prefere ser pobre em um país de miseráveis do que ser milionária em um país de classe média. Autor Desconhecido.

Essa frase tocou na definição correta da classe média brasileira. Por ter uma visão muito conservadora e próximo daquilo que prega a elite nacional, eles também buscam determinados status sociais que os diferenciam das classes subalternas, fazendo com que a ascensão dessas classes menos favorecidas, sejam por elas criticadas e combatidas, mesmo que eles estejam levando vantagem com essa evolução conjunta da sociedade. 

Essa é uma das explicações de a classe média não ter lutado contra a corrupção do governo Temer, de Aécio Neves e outros com a mesma fúria que diziam tentar combater os indícios de corrupção petistas. Para eles, esses grupos sociais representam os seus anseios e interesses, e, em certa medida, isso se faz verdade, já que todos esses dois grupos, elite e classe média, compram a ideia de que precisam ter mão de obra barata para poder retirar o máximo de lucro das classes menos favorecidas. Isso para a classe multimilionária faz sentido, mas para a classe média nem tanto, pois, são as classes subalternas que compram os seus produtos e, portanto, se esses não tem dinheiro, a classe média não consegue se manter.

O Lula demonstrou claramente que é possível fazer uma política do ganha-ganha, onde todos enriquecem juntos. No qual quanto mais igual for a nação, maior a chance da classe média ter uma ascensão de seus recursos e em qualidade de vida, já que os pobres com mais dinheiro tendem a consumir mais e, assim, a classe média dona desses espaços consumidores tende a lucrar mais, perpassando essa lógica também para as elites. Mas esse não é o modelo ideal para esses dois grupos que ainda possuem uma mentalidade escravista de sociedade, claramente demonstrada, na reforma trabalhista, que tem um ideal mais voltado para a escravização social da classe trabalhadora do que de gerar empregos e desenvolvimento social. 

O que as elites não entenderam ou não querem enxergar é que esse modelo a longo prazo, trará apenas a destruição de suas próprias riquezas, pois, com a redução dos salários, tende a haver uma queda na atividade econômica, que gerará perda de vendas generalizadas, mais desemprego e a derrocada de todas as classes sociais do país. 

A melhor saída nesse momento era a discussão de propostas que visassem ações contrárias as tomadas, que se mostram totalmente recessivas. Essas ações teriam que caminhar rumo as propostas aplicadas por Lula durante os seus mandatos que proporcionou toda essa evolução social ao Brasil, sendo elas: ações voltadas para o aumento do crédito, investimentos estatais especialmente em infraestrutura, manutenção do poder de consumo das classes trabalhadores para um aquecimento da economia e assim o retorno da política de ganha-ganha, tão proposta por Lula em suas falas. Mas, por essa ser uma proposta de um ex-metalúrgico, para as nossas elites e a nossa classe média, não é digna de ser levada em consideração, mesmo que estejam perdendo muito dinheiro e caminhando para o fechamento de suas empresas. Na visão deles não há como todos saírem ganhando no mundo dos negócios, quando um ganha o outro tem que perder. Portanto, mais vale a política do perde-perde, de foma prática, o que corrobora coma frase do autor desconhecido, do que uma política voltada para o ganha-ganha.

Anderson Silva

sábado, 22 de julho de 2017

Governo Temer: tudo aos ricos e nada para os demais

Depois de realizar a maior distribuição de recursos em emendas parlamentares dos últimos anos para se manter no poder, Michel Temer, aumenta os impostos que incidem sobre combustíveis que tendem a aumentar a gasolina em, pelo menos, R$ 0,41 centavos nas bombas e o dísel em metade desse valor. E quem pagará o pato é você consumidor.


A luta para vencer a votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados foi intensa, regada por muitos acordos e distribuição de recursos públicos estratosféricos na compra de Deputados e partidos para conseguir a reprovação do relatório que solicitava a continuidade das investigações do presidente Michel Temer pelo STF e, com isso, o afastamento por até 180 dias de suas funções. Há reportagens que dizendo que liberado mais de um bilhão e quinhentos mil reais em Emendas Parlamentares aos deputados fiéis apenas para essa finalidade. 

Diante disso, após a vitória regada a muito dinheiro, Michel Temer joga novamente a conta de todas as suas extravagâncias para as classes trabalhadoras, que receberam essa semana a notícia de que foram aumentados os impostos que incidem sobre os combustíveis e a gasolina vai aumentar em torno de R$ 0,41 centavos por litro. Por incrível que pareça, não vemos nenhuma reação mais intensa contrária a essa ação tomada pelo presidente, especialmente, pelas classes médias do país, que no último aumento de 0,22 centavos realizado por Dilma, faltaram fazer uma revolução, colocando imagens agressivas da presidente nos tanques de gasolina dos seus carros.

Nesse mesmo período os caminhoneiros fizeram inúmeras paradas nacionais que travaram as rodovias, reclamando do aumento dos combustíveis e que não valia a pena trabalhar pelo que estava sendo pago. Há estimativas que com a queda da atividade econômica, gerada especialmente pela ruptura institucional, e com a ociosidade de muitos caminhoneiros no país, após a saída de Dilma, os fretes caíram em valor na faixa de 20%. Agora com esse aumento dos combustíveis, os caminhoneiros tendem a ter dificuldade de repassar esses valores aos contratantes, o que fará com que eles tenham que reduzir ainda mais os seus lucros, que hoje são mínimos, já que a oferta por fretes está muito maior do que a demanda, devido à ociosidade da capacidade de transporte ocasionada pela baixa atividade econômica. 

E o que dizer da nossa classe média, aquela que lutava ferrenhamente contra o PT, que certamente pagará a maior fatia das contas realizadas pelo presidente atual para se manter no poder no que diz respeito a gasolina? O aumento de R$ 0,41 centavos, certamente trará um impacto substancial na renda dessa população que já tem perdido capacidade de compra e consumo nos últimos meses, bem como, teve uma queda na sua renda devido ao aumento do desemprego no país e agora terá que comprometer uma maior fatia do seu salário para poder se locomover. Nesse sentido, a classe média pagará o pato por ter colocado Temer no poder.

Outro ponto importante com relação ao aumento dos combustíveis é que ele tende a gerar queda nos índices de vendas no comércio que já são as mais baixas dos últimos anos, isso porque, parte das rendas dos trabalhadores serão revertidas para os combustíveis. Haverá também um aumento da inflação, já que o transporte de produtos brasileiros depende muito da malha rodoviária que terá o seu preço aumentado devido ao aumento do dísel. A médio prazo isso tende a gerar uma estagnação ainda maior do mercado, com aumento de inflação, o que reduzirá ainda mais o consumo, tendendo a gerar ainda mais desemprego, alimentando o ciclo recessivo em que o país se encontra.

Resumindo: A classe pobre e média do Brasil tende a receber salários menores com todas essas ações do governo, pagar mais impostos sobre combustíveis e ter produtos mais caros no mercado. Com tudo isso e devido a inflação, correrá o risco de perder o seu emprego, pois esse, tenderá a ser afetado pela queda natural da atividade econômica do país no futuro, que tenderá a reduzir a massa salarial da população e assim reduzir o seu consumo levando os empresários a investir menos e demitir ainda mais os seus empregados, trazendo como tendência para os próximos meses um ciclo recessivo de longo prazo.

Um dia a classe média vai perceber o buraco que se colocaram ao insistir freneticamente para retirar o PT do poder, exatamente, o partido que indiretamente, mais atendia os seus anseios e interesses desse grupo enquanto esteve no poder. Se fossem mais inteligentes e menos conservadores já teriam percebido, pois, o novo governo já demonstrou que não entregará nada daquilo que prometeu e já está até aumentando impostos, algo que ele havia prometido não fazer. Uma pena que não podemos esperar capacidade de raciocínio da nossa classe média que não conhece a sua própria história e, portanto, nega o presente, não fazendo nada para mudar positivamente o seu futuro e de toda a nação brasileira.

Anderson Silva

sábado, 15 de julho de 2017

Assim como era esperado, Moro condena Lula sem provas

Mesmo sem nenhuma prova que comprovasse crime por parte de Lula, em uma sentença frágil e totalmente fora dos preceitos legais brasileiros, segundo a maioria dos juristas e advogados que analisaram o caso, Moro decide condenar Lula após pressão da mídia e dos empresários brasileiros


A mídia brasileira não quer ver Lula de maneira nenhuma nas próximas eleições, pois, sabe que as chances dele ser eleito são enormes. Porque Lula mesmo depois de tantos ataques continua tão forte eleitoralmente? Porque ele representa o povo e os anseios do povo. Ele representa a ascensão social das classes menos favorecidas, ele representa a inclusão do pobre no orçamento, ele representa inúmeras conquistas sociais do povo brasileiro e isso, parte do povo que não tem memória curta, sabe e valoriza.

Lula hoje é primeiro lugar em todas as pesquisas eleitorais. Mesmo tendo feito um dos melhores governos da história do Brasil, tendo distribuído renda e feito o país crescer como nunca durante o seu mandato a mídia, a justiça e os empresários brasileiros, que nunca ganharam tanto como em seu governo, não querem ver Lula presidente. Se o preço a pagar para que ele não ganhe as próximas eleições seja a sua condenação de forma injusta e sem prova de crime, que assim seja, afinal de contas, justiça no Brasil é algo que não tem existido nos últimos tempos.

Vamos analisar algumas das últimas decisões da justiça brasileira: descobriram Temer a negociar com o empresário da JBS o pagamento de propinas para Eduardo Cunha, visando mantê-lo calado. Nessa investigação tiveram filmagens, pessoas recebendo dinheiro da propina ligados a Michel Temer e a Aécio Neves. No decorrer das últimas semanas a nossa justiça soltou todos eles com provas e agora quer prender Lula sem nenhuma prova. Será que isso pode ser chamado de justiça? 

Outro detalhe sempre destacado pelas pessoas que observam as ações de Sérgio Moro e a justiça brasileira nos últimos tempos é o tempo perfeito em que eles lançam as sentenças. Antes das eleições de 2014 sentenças foram dadas poucos dias antes das eleições para tentar interferir nas intenções de voto e em 2016 aconteceu a mesma coisa. Inclusive, Alexandre de Morais, enquanto era Ministro da Justiça de Michel Temer, hoje Ministro do STF, soltou em um palanque eleitoral que mais pessoas ligadas ao PT seriam presas no dia seguinte a ação de campanha dos candidatos do PSDB no interior de São Paulo, fato que se confirmou no dia seguinte. 

Com raras exceções, hoje a justiça brasileira se mostra uma justiça partidária e aparelhada, onde determinados grupos políticos estão acima da Lei. Quem imagina que em qualquer outro lugar do mundo um político que tivesse cometido os atos que cometeu Aécio Neves, depois de tão pouco tempo estaria novamente no parlamento votando medidas extremamente importantes do país como a Reforma Trabalhista, por sinal, voto contra o povo e a favor dos empresários, os mesmos envolvidos nas propinas que ele recebeu?

Mas, voltando ao caso Lula, como já havia descrito em uma postagem anterior sobre o tema, ele já estava condenado desde que a sua denúncia foi aceita pelo juiz. Denúncia essa tão fraca e tão sem materialidade, que se fosse nas mãos de um juiz imparcial não deveria nem ter sido aceita, mas era o Moro do outro lado. 

Portanto, essa condenação já era mais do que esperada por todos. O que surpreendeu mesmo foi o tempo usado por Moro para a ação. Logo após a aprovação de uma Reforma que vai prejudicar milhões de trabalhadores do país, ele solta essa sentença em uma tentativa de desviar o foco da população para Lula e não nos políticos que, em sua maioria, pertencem aos grupos ligados a direita do Brasil, grupos esses claramente defendidos pela justiça do país e que no dia anterior tinham votado contra o povo na Reforma Trabalhista. Assim, além de condenar um dos presidentes mais respeitados no Brasil e no Exterior, sem provas, ainda impossibilitou que a população se atentasse a um dos acontecimentos que mais impactarão em suas vidas no decorrer dos próximos anos e quem eram os responsáveis por aquelas ações que transformarão profundamente, negativamente, as futuras gerações.

Após a condenação a reação mundial foi imediata. Pelo respeito que tem Lula se tornou o centro das atenções mundiais tendo o seu nome como o mais citado no Twitter. Nos dias seguintes o PT quebrou o recorde no número de novas pessoas interessadas em se filiar no partido, atingindo 350 mil pessoas em pouco mais de 2 dias, como forma de protesto contra a ação totalmente parcial do juiz de Curitiba. 

Agora é aguardar as próximas semanas quando teremos novas pesquisas de intenções de votos para saber como essa notícia impactará na popularidade do maior líder popular da história do Brasil. Os advogados do ex-presidente vão recorrer a sentença e a decisão sobre a manutenção de sua condenação será feita por três desembargadores do Tribunal Regional Federal de Curitiba. Se eles cumprirem os preceitos constitucionais e não houver nenhum fato novo, deverão absolver Lula em segunda instância. Entretanto, estamos passando por momentos difíceis no nosso país, como citei anteriormente, onde a Lei, não tem sido cumprida com exatidão pelo judiciário e a pressão da mídia e dos empresários tem contado mais do que as provas para se condenar, portanto, estamos no meio de uma incógnita com relação a esse julgamento que tende a acontecer em meados do ano que vem, ano de eleições presidenciais. 

Anderson Silva

Leia mais em: O ENCONTRO DE LULA E MORO
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O QUE REPRESENTARIA A VITÓRIA DE LULA EM 2018
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A JUSTIÇA BRASILEIRA TEM LADO. É O CONTRÁRIO DO POVO
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Reforma Trabalhista é aprovada. O que muda em sua vida?

Esse foi certamente o maior ataque a classe trabalhadora da história do Brasil. É um desmonte completo da CLT, capitaneada pelos grandes empresários e pelos partidos mais antipovo da nossa história que são: DEM – PMDB – PSDB e PP.


Essa semana tivemos a triste notícia de que a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) vigente desde 1943, no governo de Getúlio Vargas, que nem mesmo a ditadura ousou atacar, foi praticamente dizimada pelo nosso Senado e pelo presidente Michel Temer (PMDB). 

Entre os pontos sancionados pelo presidente da nova lei trabalhista está a possibilidade de o combinado valer mais do que o Legislado, ou seja, que a combinação entre patrões e empregados possam estar acima do que aquilo que é permitido por Lei. Em um país com 14 milhões de desempregados como temos atualmente, o trabalhador estará extremamente frágil na negociação com o seu patrão e, dessa forma, certamente perderá direitos com essas novas regras.

A aplicação da Reforma Trabalhista em ação conjunta com a Lei das Terceirizações, já aprovada, sancionada e vigente, que permite a terceirização de todas as atividades da empresa. Isso tende a fazer com que as empresas utilizem mão de obra cada vez mais contratada como Pessoas Jurídicas ao invés de pessoas físicas, mudando a dinâmica das relações do trabalho no país, precarizando-as extremamente e retirando inúmeros direitos dos trabalhadores como férias, 13º salário, Fundo de Garantia e outros. Ademais, o trabalhador contratado nesse formato contribui apenas 5% para o INSS e a empresa não paga nenhum valor para a Seguridade Social, enquanto de um trabalhador normal com carteira assinada o INSS recebe a contribuição sobre 20% do seu salário contando os repasses do empregado e do empregador. A aprovação dessas leis tendem a reduzir drasticamente a arrecadação da Seguridade Social e, dessa forma, a Previdência que hoje é superavitária, finalmente se tornará deficitária, justificando a próxima reforma que é a da Previdência Social.

Outras mudanças impactantes da reforma são: possibilidade de divisão das férias do empregado de acordo com as necessidades do patrão em, até três vezes durante o ano; mudanças no processo de demissão e acesso ao Seguro Desemprego e FGTS no qual os trabalhadores após a demissão movimentação apenas recursos do FGTS, perdendo um direito que tinha garantido de saque imediato dos valores dos dois direitos simultaneamente; as horas extras foram regulamentadas para se tornar banco de horas e a sua retirada será realizada a partir de um contrato assinado entre as partes; a reforma também permite que mulheres grávidas trabalhem em locais insalubres desde que não tenham um atestado médico que proíba o trabalho nesses locais; a contribuição sindical será facultada; o horário de almoço poderá ser reduzido para meia hora e o empregador poderá pagar 50% a mais em dinheiro sobre esse tempo se não oferecer o mesmo para o trabalhador; a jornada de trabalho poderá ser até de 12 horas diárias, desde que não ultrapasse o limite de 44 horas semanais ou 48 horas semanais com as horas extras. 

Imediatamente após a sansão da reforma algumas empresas, como o Bradesco já anunciaram um programa de demissão voluntária e trabalhadores já começaram a ser demitidos, demonstrando que diferentemente do que o governo prega, essa reforma, mesmo de imediato, tende a trazer mais desemprego a população trabalhadora brasileira. 

Fora que, conforme elencado em uma de minhas postagens anteriores sobre a Reforma Trabalhista a partir de leitura de diversos estudos de economistas, a médio e longo prazo ela tende a trazer uma redução dos recursos que os trabalhadores recebem, ou seja, a massa salarial do país tende a ser reduzida, fazendo com que o mercado interno perca vendas e, assim, teremos menos atividade econômica e mais desemprego no futuro. Esse foi o resultado de Reformas aplicadas no sentido de precarizar o trabalho em outros países como o México, a Espanha e a Rússia. Na Rússia também havia sido aplicada a regra de terceirização irrestrita ha 20 anos atrás, mas, esse ano o governo do país voltou atrás e decidiu modificar as leis trabalhistas, impedindo a terceirização de determinadas atividades, depois de constatar que essas reformas haviam gerado apenas prejuízos ao país e para a sua população trabalhadora. 

Infelizmente aqui no Brasil as pessoas só perceberão o impacto dessas reformas em suas vidas no futuro, quando tiverem que procurar a justiça do trabalho que teve o seu papel extremamente reduzido, ou quando os patrões chegarem aplicando as novas regras em suas empresas, não permitindo que eles tenham férias de mais de duas semanas, por exemplo, aplicando jornadas de trabalho desumanas, ou negociando com eles com regras que até ontem seriam absurdas para atendimento das necessidades e aumento dos lucros da empresa. 

Reverter esse retrocesso será muito difícil, especialmente, devido ao Congresso conservador e multimilionário que sempre tivemos e que certamente continuaremos a ter nos próximos anos, já que o povo brasileiro, insiste, em não compreender a importância do seu voto e de colocar representantes dos movimentos sociais e sindicais nas suas casas parlamentares que deveriam ser a casa do povo segundo a nossa Constituição, mas que de forma prática, hoje é a casa dos empresários. 

A única forma de reverter todas essas perdas seria formar um Congresso com maioria dos partidos que hoje fazem oposição ao governo Temer, que são aqueles que votaram contra essas reformas e a favor do povo, no caso: PSOL, PCdoB, PT, PDT e Rede. Apenas com essa mudança poderíamos construir uma política voltada para beneficiar a classe trabalhadora e não retirar todos os seus direitos como os nossos representantes do Congresso estão fazendo atualmente. Vamos esperar 2018 para ver se ainda há esperanças, lembro sempre aos leitores que um presidente eleito sem apoio do parlamento não consegue fazer as mudanças que o nosso país precisa, sendo mais claro: eleger Lula ou Ciro Gomes e não dar pra eles uma base parlamentar forte votando nesses partidos para a Câmara dos Deputados e Senado Federal, de nada adiantará para reverter os grandes retrocessos que tivemos com esse governo neoliberal e de direita no poder.

Anderson Silva

Leia mais em: REFORMA TRABALHISTA: O QUE SERÁ DO PAÍS APÓS ESSA REFORMA? Link: http://andersonsilvaesociedade.blogspot.com.br/2017/07/reforma-trabalhista-o-que-sera-do-pais.html

A ORIGEM DOS PROBLEMAS DO BRASIL ATUAL

TERCEIRIZAÇÃO IRRESTRITA, É O FIM DOS DIREITOS TRABALHISTAS? 


sábado, 8 de julho de 2017

Reforma Trabalhista: O que será do país após essa reforma?

Os que hoje apoiam a Reforma Trabalhista, certamente, serão diretamente impactados por ela. A classe trabalhadora perderá os seus direitos trabalhistas e a sua renda. A classe média perderá os consumidores dos seus produtos e consequentemente o retorno sobre seus investimentos e a classe burguesa perderá no futuro com a queda da atividade econômica do país. 


A classe burguesa e parte da classe média do Brasil está forçando o nosso legislativo a empregar contra a classe trabalhadora uma Reforma Trabalhista que retirará inúmeros direitos dos profissionais brasileiros. A lei permite até mesmo uma negociação entre patrão e empregado que esteja acima do que a lei prevê, ou seja, a regra do “combinado sobre o legislado”. 

Como atualmente temos um número grande de desempregados, nesse tipo de negociação os trabalhadores tendem a sair perdendo, já que o número de pessoas a procura de emprego é enorme e caso um trabalhador não aceite as regras colocadas pelo patrão o que ele fará é contratar alguém que aceite a negociação benéfica para sua empresa.

O que isso gerará de imediato? Logo após o início de sua implementação os empresários sejam eles grandes e médios terão uma sensação de que a lei foi extremamente positiva, pois, poderão aumentar os seus lucros as custas dos trabalhadores, que terão que aceitar aquilo que o patrão o oferecer, inclusive, salários mais baixos do que recebia anteriormente. Entretanto, com o tempo passando, haverá uma queda generalizada na renda dos trabalhadores o que tenderá a gerar uma queda na massa salarial do país. Quanto menor a massa salarial, menos tende a ser o poder de consumo da classe trabalhadora, o que gerará uma queda na atividade econômica de forma geral.

Isso a médio prazo trará fortes impactos na vida financeira da classe média, que começará a não ter retorno sobre os seus investimentos no comércio, em aluguéis e outros bens, que já são sendo impactados com a crise de demanda atual. A longo prazo essas ações recessivas tendem a trazer impactos ainda maiores. Com menos recursos a classe média fará menos investimentos, contratarão menos pessoas gerando aumento do desemprego e a alimentação de um forte ciclo recessivo. 

A classe burguesa também tende a perder com todo esse processo. Exceto os banqueiros que tendem a lucrar nos períodos de crise, as classes que dependem do comércio e de bens de consumo, tendem a ficar com os seus produtos encalhados, não tendo condições de fazer novos investimentos, gerando uma queda também nos seus níveis de lucratividade e ainda mais desemprego. 

A redução de direitos trabalhistas tende a gerar apenas prejuízos a longo prazo para uma sociedade, já que tende a trazer consigo a perda da massa salarial, responsável pela movimentação da economia no mercado interno. O Brasil sofre ainda mais as consequências de ações nesse sentido por possuir um mercado interno enorme e ser muito dependente dele. Na crise de 2008 por exemplo, foi graças ao mercado interno e o aumento da renda dos trabalhadores que saímos da crise naquele momento com maior eficiência. Hoje as ações recessivas, empregadas pelo Governo Temer a pedido do mercado, têm prometido certos resultados, mas só tem gerado resultados contrários: aumento do desemprego, queda na renda dos trabalhadores, queda na atividade industrial e do consumo, redução do nível de investimento, quedas no PIB nacional, redução da arrecadação governamental, aumento do deficit público, consequentemente redução do investimento nacional e todo um ciclo recessivo que nessa semana trouxe como resultado a maior deflação da série histórica do Brasil desde 1998, certamente, impactado pelo alto índice de desemprego, cenário muito parecido com o que vivianos naquele período de grave crise econômica nacional e alto desemprego. 

Foi o que a implementação de uma política neoliberal trouxe ao nosso país em dois períodos recentes, no período de Fernando Henrique Cardoso, quando passamos por uma das maiores crises de desemprego da nossa história e agora com Michel Temer que passamos pela maior crise de desemprego da história com mais de 14 milhões de desempregados. O desemprego é o que gera todo o ciclo que estamos vivendo no momento. Está mais do que provado que o neoliberalismo só leva a esse mal, pois o neoliberalismo busca o máximo lucro do mercado e esse resultado só é possível quando se tem uma grande quantidade de mão de obra disponível pelo alto índice de desempregos, que tende a reduzir os custos do trabalho, ou seja, os salários dos trabalhadores e, em tese, o aumento dos lucros do mercado.

Para mim já ficou claro que o neoliberalismo só traz prejuízos para a maioria da população e diferentemente do que pensa a classe média para ela também. Uma vez que o desemprego aumenta a sua renda tende a diminuir, pois as pessoas não terão condições de pagar aluguéis, por produtos, que normalmente é a classe média que coloca no mercado, para consumo dos mais pobres. O que a classe média ainda não percebeu é que ela depende da classe mais humilde do país, pois esses são o seu mercado consumidor, e que quando esses trabalhadores perdem seus empregos ou os seus salários são reduzidos, esses não consomem ou diminuem o seu consumo, gerando uma perda de demanda pelos produtos negociados pela classe média. Por exemplo, na deflação apresentada nessa semana, a queda dos preços se deu principalmente devido a queda nos valores da habitação, qual é o grupo que possui o maior número de casas para alugar do país? Exatamente a classe média que hoje sofre com o desemprego das classes subalternas e não conseguem mais alugar os seus imóveis desocupados por não ter demanda nessa área.

O único meio de mudar esse ciclo vicioso recessivo é buscar uma política expansionista, parecida com a adotada por Lula a partir de 2006 e que trouxe os melhores resultados da história do país. Uma política extensionista progressista é uma política que aumenta os investimentos do Estado, aumenta o crédito, estimula o consumo interno, movimenta a economia, consequentemente reduz o desemprego, aumenta-se os salários e consequentemente a massa salarial, gerando um ciclo vicioso progressista e não regressista como estamos vendo agora. 

O dia em que a classe média perceber que a política do ganha ganha é melhor do que a política do eu ganho e os trabalhadores perdem, talvez o nosso país possa se tornar um país melhor para se viver e um país efetivamente de todos e não apenas de uma minoria. Mas isso só é possível se a população der forças políticas para partidos que tem uma visão progressista, que são exatamente os partidos de esquerda. Ao votar nesses partidos para cargos majoritários e do congresso estamos incentivando o investimento em políticas públicas, em empregos, em uma economia mais forte e robusta. 

Anderson Silva

Leia mais sobre IPCA em: INFLAÇÃO EM QUEDA, ATÉ QUE PONTO ISSO É BOM?

http://andersonsilvaesociedade.blogspot.com.br/2017/05/inflacao-em-queda-ate-que-ponto-isso-e.html





sábado, 1 de julho de 2017

A justiça brasileira tem lado. É o contrário ao do povo.

Enquanto o povo clama por justiça em um momento que o país se mostra atolado em corrupção, diga se de passagem, por anuência durante séculos da própria justiça, o que se vê do STF é um conjunto de decisões que visam beneficiar o que há de mais corrupto em nosso sistema político. A liberação de Aecio para atuar no Senado contrasta totalmente com a ação que prendeu o então Senador Delcídio do Amaral. Contra Aecio do PSDB há provas robusta, contra Delcídio, naquele momento, do PT, apenas ilações, um foi preso o outro retorna ao Senado como se nada houvesse ocorrido.


Pergunto aos leitores, qual o fato novo que surgiu nos últimos dias para libertar Andréia Neves e Daniel, a irmã e o primo do Senador Aécio Neves, esse último, que pegou uma mala da JBS cheia de dinheiro para o Senador? Talvez a possibilidade de os dois delatarem o que sabem se continuassem presos por mais algum tempo. Qual o fato novo que surgiu para libertar Rocha Loures, assessor especial de Temer que foi preso com uma mala de 500 mil reais que seria repassado para o presidente? Talvez a possibilidade dele depois de preso por algum tempo delatar o que sabia sobre o esquema.

Essa é a justiça do nosso país. Justiça que prende negros, pobres e moradores de periferia, mas que juntamente com a sua polícia e o Ministério Público não conseguem identificar de quem é um helicóptero com uma enorme quantidade de cocaína, não consegue identificar de quem é um avião que partiu da fazenda do Ministro da Agricultura também abarrotado de cocaína, e não consegue investigar e punir com seriedade aqueles que não são pobres, das periferias, ou ligados aos partidos de esquerda do país que, muitas vezes, são condenados sem nenhuma prova. 

Aos defensores da Lava Jato eu digo apenas que nada disso me surpreende. Desde que essa operação começou a fazer vazamentos seletivos tentando incriminar exclusivamente o PT e a esquerda nacional eu já sabia que ela não entregaria o que prometia, que era uma moralização do nosso sistema político. Moralização só pode vir com justiça algo que na nossa história nunca tivemos e com essas decisões e ações dos últimos tempos isso para mim e para o restante da população brasileira com o mínimo de noção, também já se torna claro.

Portanto, está cada vez mais claro que a Lava Jato serviu apenas para destituir uma presidente eleita democraticamente e colocar no seu lugar o grupo político mais corrupto do Brasil para comandar o país em um grande Acordo Nacional, segundo Romero Jucá, com Supremo e tudo. O objetivo sempre foi condenar o PT as esquerdas e qualquer esperança de desenvolvimento social do Brasil, porque, até então, era isso que o PT representava na mente das pessoas pobres desse país. A esperança de se ter um país grande, forte e sem pobreza. 

A Lava Jato acabou com a nossa economia, destruiu os empregos do nosso país, levou a nossa política nacional a situação em que se encontra, tirou do país o respeito que tínhamos internacionalmente, hoje ao visitar outros países somos tratados como país de quinta categoria, soltou todos os corruptos através de acordo de delações premiadas, sendo os principais deles, Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, dentre outros que encontram-se todos em suas casas de luxo em prisão domiciliar, casas essas construídas com o dinheiro roubado dos brasileiros que foram devolvidos em quantidades mínimas. 

Enquanto isso os ex-políticos ligados ao PT continuam presos em Curitiba, muitos deles sem nenhuma prova. João Vacari, por exemplo, foi absolvido na semana passada pelo TRF por não haver nenhuma prova de que cometeu qualquer crime e mesmo assim foi condenado por Sérgio Moro e continua preso através de uma ação do juiz permitida por lei, mas, incomum de manter prisão preventiva de alguém absolvido em segunda instância. Vacari está a dois anos preso, sendo forçado a fazer uma delação contra Lula, o político a ser destruído pela operação desde o início. Antônio Palocci está na mesma situação, foi condenado por Moro na semana passada a 12 anos de prisão, também sem nenhuma prova, apenas a partir de delações premiadas de executivos que antes tinham que delatar alguém do PT para que as suas delações fossem aceitas pelo Ministério Público. 

E por fim, agora Lula pode ser condenado pelo juiz Sergio Moro também sem nenhuma prova, pois, isso é parte do acordo e dos objetivos dessa operação que levou o Brasil ao caos institucional que estamos agora, com 14 milhões de desempregados e sem perspectivas de um futuro melhor para uma nação de mais de 200 milhões de habitantes. 

Perdemos uma chance real e histórica de moralizar o nosso país e trazer justiça a essa nação. Nos outros países quando ocorre escândalos de corrupção o que se faz é prender os seus executivos das empresas, mantendo a marca das empresas e as ações delas no mercado, pois os juízes e a justiça de forma geral, sabem que empresas geram empregos e recursos para as suas nações, e que caso a justiça destrua essas empresas, quem sofrerá as consequências é o povo. Mas aqui no Brasil os nossos representantes do judiciário se acham tão acima da lei que preferem destruir as empresas e libertar os seus empresários, desde que ele diga algo em suas delações contra os desafetos políticos desses representantes da justiça, trazendo instabilidade total ao país, para derrubar uma presidente democraticamente eleita, atuando esses juízes a a margem do que manda a Lei e a Constituição.

Assim o nosso país caminha para um abismo que parece não ter fim. Os brasileiros não confiam mais em nenhuma de suas instituições, e se um estado é formado através delas, o que será do Estado brasileiro a partir de agora? Não sei. O que sei é que os representantes do mais alto escalão desse país em seus três poderes, são uns irresponsáveis por deixar o nosso país chegar a situação atual, pois não pensam em nenhum momento no povo em que deveriam representar, ou em se tratando de  justiça, no cumprimento e respeito da Lei, que deveria ser a busca fundamental dos poderes legislativo, executivo e judiciário. E o povo, de forma real onde fica nessa história? Fica a margem pois as nossas instituições são claramente anti-povo. Cabe ao povo ser anti-instituições na sua concepção atual e há uma única forma de fazer isso, de forma pacífica e democrática, é acabando com seus planos e votando em presidente, deputados e senadores contrários a essa oligarquia que domina o nosso país através da corrupção desde que o Brasil é Brasil.

Anderson Silva