segunda-feira, 4 de maio de 2020

Onde há mentira nada floresce

Estamos aqui a tentar decifrar os caminhos que o Brasil e o mundo tomaram no decorrer dessa pandemia e o que será do futuro da humanidade. Enquanto alguns levantam a perspectiva profunda de mudança de percepção por parte das pessoas quanto ao nosso sistema consumista e individualista, outros pensam que mudanças estruturais tendem a não vir e, em partes do mundo, o desenvolvimento do neoliberalismo tende a ser ainda mais profundo, particularmente, eu concordo com essa tese. Farinha pouca, meu pirão primeiro! Essa é a ótica verdadeira do capitalismo.


O que temos visto por parte do governo brasileiro e do Congresso Nacional é a tomada de medidas já visando o retorno para as atividades normais, retirando ainda mais a capacidade de investimentos nos serviços públicos e tomando ações visando o favorecimento do setor privado, como o orçamento de guerra que possibilita o governo comprar bilhões em títulos podres dos bancos, transformando isso em dívida pública a ser paga posteriormente por todos nós pagadores de impostos.

Dizer que não há dinheiro para contratar novos servidores, dizer que não há dinheiro para construção de hospitais para salvar vidas, dizer que não há recursos para investir em ciência e tecnologia é uma mentira, principalmente após verificarmos que o governo conseguiu 1,2 trilhões para emprestar aos bancos, que utilizarão esses recursos na especulação com o objetivo de se tornarem ainda mais lucrativos após a pandemia.

De fato, onde há mentira nada floresce e infelizmente a nossa sociedade foi construída com base em mentiras ou ocultação da realidade, especialmente, para as classes mais humildes. Metade do orçamento público é disponibilizado para pagamentos de juros de uma dívida pública impagável, que ninguém jamais ousou tentar fazer qualquer tipo de negociação para redução de suas taxas abusivas, mas retirar recursos da saúde pública que salva vidas ou da educação que poderá transformar o futuro do Brasil e fazer esse país desabrochar para uma grande nação, esses são sempre prejudicados com cortes, denominados pela elite de ajuste fiscal, outra mentira.

As nossas eleições são sempre uma farsa, o qual os detentores do capital, possuem muito mais chances de conseguir contratar, comprar ou ludibriar os eleitores. Agora, que fazemos parte da geração “fake-news” a transformação das coisas a partir de realidades paralelas, têm ficado ainda mais intensa e tem levado a sociedade a demonstrar ainda mais a sua capacidade de cometer aberrações contra o seu próximo. E daí?

Faço aqui uma reflexão: Quantas pessoas no mundo já morreram com base em mentiras criadas para ludibriá-los? Quantas guerras já não ocorreram na história baseadas ou originadas de mentiras? Talvez a mentira ou ocultação da verdade seja a maior aberração da história da humanidade, seja o fator mais destrutivo dessa pseudo “civilização”, de uma pseudo “democracia”, de um pseudo “Estado democrático de direito” o qual na verdade, o que temos visto são os poderes legislativo, executivo e judiciário, agindo para benefício daqueles que mais possuem em detrimento dos muitos que nada tem.

Onde há mentira nada floresce e a sociedade humana pelo andar da carruagem da história, infelizmente, jamais será a sociedade que se sonhou em termos de liberdade, igualdade e fraternidade, pois até essa história da revolução francesa, que culminou no liberalismo e na formação dos estados republicamos que conhecemos, também se tratava de uma grande mentira burguesa, assim como tantas outras propagadas aos quatro ventos nos dias atuais.

Teófilo Otoni, 03 de maio de 2020.

Anderson Silva

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Cinquenta tons de Temer

Frase de Guilherme Boulos foi uma das mais destacadas no twitter. Na sua visão, a grande maioria dos candidatos a presidência do Brasil representam a continuidade do governo Temer.


Guilherme Boulos do PSOL citou em meio as suas falas no debate da Band que os candidatos participantes do debate representam os 50 tons de Temer. O presidenciável foi um dos destaques do debate que contou também com a participação dos candidatos Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meireles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede).

E o candidato, em certa medida, tem razão em sua afirmação. Entre os candidatos participantes do debate, a maioria tem os seus partidos na base aliada de Temer aprovando projetos importantes para o governo, mas muito criticados pela população, como a Terceirização Irrestrita, a Reforma Trabalhista, e a PEC 95 que congelou os gastos públicos pelos próximos 20 anos, que já tem trazido como principal consequência a impossibilidade dos Estados de honrar com o pagamento dos seus servidores, problema esse que só tende a ser agravado com o passar dos anos.

Entre os partidos que ajudaram a aprovar todos essas ações do governo Michel Temer e que estavam a favor da reforma da previdência que tem mais de 90% de rejeição da população estão o Podemos de Alvaro Dias, o Patriota de Cabo Darciolo, o PSDB de Geraldo Alckmin, que votou junto a Temer em mais de 86% de seus projetos, sendo um dos partidos mais fiéis ao seu governo, o MDB, partido de Temer e que tem como candidato a presidente Henrique Meireles, seu ministro da fazenda que foi um dos propositores da maioria desses projetos e o PSL de Jair Bolsonaro. Esses são os 50 tons de Temer destacado por Guilherme Boulos e que se eleitos tenderão a dar continuidade as atividades realizadas por Michel Temer, inclusive na aprovação da Reforma da Previdência que fará com que os trabalhadores tenham que trabalhar mais para se aposentarem, dependendo do modelo de aprovação, para receber menos ao se aposentarem. Marina Silva, mesmo não fazendo parte desse grupo de parlamentares da base aliada de Temer e nem tendo o seu partido como aliado, já declarou concordar com boa parte dos projetos aprovados pelo atual governo.

Entre os partidos dos presidenciáveis que não apoiaram as propostas de Temer e que não fazem parte da base aliada do governo,  estavam Ciro Gomes do PDT, Guilherme Boulos do PSOL, que foi um dos partidos que menos votaram a favor dos projetos de Temer na Câmara dos deputados, o que o coloca como um dos principais opositores ao governo rejeitado por mais de 95% da população e Marina Silva da Rede.

Outro partido que foi critico e contrário as ações de Temer na presidência foi o PT que não teve participantes no debate realizado pela Band pelo fato de seu candidato a presidência estar preso. O PT tentou entrar com mandatos de segurança para que Lula pudesse participar dos debates ou que o seu vice Fernando Haddad pudesse o representar, mas os pedidos foram negados pela justiça e pela emissora de televisão.

O PT resolveu então realizar um debate paralelo pelas redes sociais com o programa de governo do partido, que foi muito bem sucedido. Estima-se que o debate que contou com a participação de Fernando Haddad, Gleise Hoffmann, Manuela D’Avila e Sérgio Gabrielli pode ter atingido um público de até um milhão de pessoas. O debate da Band só na cidade de São Paulo no momento de maior audiência, chegou a picos de aproximadamente 3 milhões de pessoas, entretanto, com um modelo muito corrido de perguntas, respostas e devido ao grande número de candidatos, foi difícil de discutir propostas, fazendo com que a participação dos candidatos presentes, individualmente, fosse muito pequena, mesmo com quase três horas de debate.

O modelo de debate exclusivo do PT para apresentação do programa de governo atingindo o público expressivo pelas redes sociais, talvez tenha sido mais interessante tanto para o partido em sua campanha eleitoral quanto para os seus telespectadores do que o próprio debate da Band que foi disperso e morno na maior parte do tempo.

O fato de Lula, o candidato com quase 60% das intenções de votos não ter participado e não ter tido um representante, certamente contribuiu para que o debate fosse desinteressante para boa parte do público. Como candidato, segundo as leis do país, Lula deveria ter direito a todas as prerrogativas dos demais candidatos, já que ainda tem instâncias judiciais para recorrer, entretanto, todos os seus pedidos de participação do debate, inclusive, por videoconferência foram negados pela justiça, o que corrobora com a versão dada pelo Partido dos Trabalhadores de que Lula é um preso político e está sendo perseguido pela justiça, que já permitiu entrevista de vários políticos presos, como Eduardo Cunha por exemplo, mas não permite nenhuma entrevista com Lula, candidato a presidente com possibilidades reais de vitória em primeiro turno.

Anderson Silva

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domingo, 5 de agosto de 2018

O não voto favorece a elite antipovo

O não voto ou o voto de baixa qualidade só favorece os mais ricos e destroem as esperanças da população mais humilde do país.


Há pouco mais de um ano presenciávamos a votação do pedido de investigação do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados. Naquela altura, o seu governo já era o mais rejeitado da história do país, com sérios problemas na administração e crises constantes de corrupção. Além disso, mais de 70% da população apoiavam o afastamento do presidente para ser investigado e o que os nossos representantes da Câmara dos Deputados decidiram após serem comprados a luz do dia com bilhões de reais de impostos pagos pela sociedade? Que Temer deveria ser investigado, mas após acabar o seu mandato, diziam a maioria dos deputados nos microfones daquela casa que deveria ser a casa do povo. Seria cômico se não fosse trágico que os nossos deputados pensem que se há dúvida de que alguém cometeu corrupção o melhor lugar para ele estar é na presidência da República. 

Isso demonstra o quanto o voto de baixa qualidade ou o não voto influem diretamente nas decisões mais importantes do nosso país. Nesses últimos anos ficou muito claro a importância do Congresso Nacional para termos um governo realmente popular, soberano e que busca um verdadeiro desenvolvimento social para o nosso país. Mas, ao mesmo tempo percebemos que o nosso Congresso atual é formado basicamente por multimilionários, que só defendem os seus próprios interesses e que, se for para levar algum tipo de vantagem vendem todos os recursos nacionais a preços irrisórios, pois não dão a mínima importância para o desenvolvimento social e econômico do nosso país. E a responsabilidade por esse Congresso tão corrupto é de quem? Do povo brasileiro. 

Um povo em pleno o século XXI já deveria entender que a política é um meio de decidir boa parte do funcionamento da sociedade e o quão importante é fazer parte da democracia, de acompanhar as ações que os seus representantes estão tomando em seu nome. Se isso não é feito não há uma possibilidade real de julgar se aquelas pessoas em que você simpatiza merecem os seus votos ou não. 

Quando as pessoas não votam ou anulam os seus votos, indiretamente, elas participam da mesma forma do processo eleitoral, pois quando você se abstém da escolha, de certa forma, está permitindo que outra pessoa haja no seu lugar e escolha por você, especialmente, no que diz respeito aos votos proporcionais. Portanto, na atual situação em que vivemos, o não voto favorece aos mais ricos, já que a nossa correlação de forças é muito inferior quando comparada a dos grandes empresários que possuem recursos para a divulgação de suas campanhas. Votar nulo e branco não anula eleições como alguns grupos querem incentivar que o eleitor faça. Tudo que um voto nulo tende a fazer é privilegiar aqueles candidatos que possuem mais recursos para as campanhas, que normalmente, possuem uma rede de cabos eleitorais maior e tem mais chance de eleger através dos recursos de campanha sem nenhuma ideologia ou com ideologia contrária aos interesses das classes trabalhadoras.

Portanto, o que o não voto ou o voto de baixa qualidade tem feito com o Brasil é trazer uma política com viés neoliberal que só prejudica os mais pobres; a possibilidade do nosso Congresso aprovar uma reforma trabalhista que só gerou desemprego, baixos salários e precarização do trabalho; as condições para que o governo mais impopular da história pudesse vender as empresas brasileiras a preços extremamente baixos no mercado, para favorecer apenas os milionários e investidores; criou as condições para que Michel Temer saísse de duas votações pedindo a sua investigação, ileso, mesmo contra a vontade da maioria esmagadora da população; a possibilidade de aprovação de uma emenda constitucional que para o Brasil por 20 anos, congelando recursos da saúde, educação, segurança entre outros e trazendo esse caos que o país vive atualmente. 

Como melhorar a qualidade do voto e mudar a realidade do Brasil? Primeiro temos que conhecer o nosso sistema político para isso. O nosso sistema é bicameral em nível nacional, tendo a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Na Câmara dos Deputados o voto é proporcional e um pouco mais confuso para que a população entenda, mas é necessário compreender esse sistema para ter um voto mais popular e de maior qualidade. Quando você vota em um candidato, automaticamente, por esse sistema, você está votando também nos partidos que fazem parte daquela coligação. Na verdade, o voto tem primazia no partido político/coligação, para depois, dentro daquele grupo de deputados pertencentes a aquela coligação verificar quem teve o maior número de votos e efetivamente ocupar a vaga. Portanto, antes de estar votando em um candidato você está votando em um partido/coligação e é isso que tem que ficar muito claro. É necessário que o povo brasileiro entenda que os partidos normalmente agem de acordo com a definição de sua cúpula, podendo até mesmo punir os seus deputados por não votarem de acordo com as definições do partido. Portanto, antes de votar em um Deputado Federal é importante que você analise o que os eleitos daquele partido tem feito nos mandatos anteriores, para realizar uma escolha de um candidato que vá efetivamente defender os seus interesses. A lógica da escolha deveria ser primeiro no partido, para depois definir qual o candidato daquele partido melhor o representa para ter o seu voto. Em um voto racional de acordo com o nosso sistema político esse é o modelo ideal, haja vista que não adianta nada se ter um presidente progressista e um Congresso totalmente conservador e vice-versa. Em uma situação como essa o país fica quase ingovernável. 

No senado essa escolha costuma ser um pouco mais fácil, pois os senadores são escolhidos através do voto direto e portanto, tudo que o eleitor precisa fazer e avaliar o viés político de seu partido político para a tomada de decisão. Lembre-se um candidato que promete uma coisa e seu partido atua de forma contrária a esses anseios dificilmente conseguirá cumprir com as suas promessas. 

Portanto, em uma lógica progressista que é o que esse blog defende a primeira coisa deve-se avaliar para escolher o voto são os partidos que foram contrários a PEC 241 na Câmara dos Deputados, que congelou os recursos da saúde, educação, segurança, assistência social, entre outros pelos próximos 20 anos. Na visão desse blog isso é um crime contra a sociedade, inclusive afetando o salário dos servidores públicos dos Estados, que se não estão recebendo como deveriam, isso se deve também a essa PEC que tende a congelar também o futuro do nosso país. 

O segundo ponto que deve ser avaliado são aqueles partidos que definiram ficar ao lado de Temer quando ele recebeu a denúncia para ser investigado. Aqueles deputados foram comprados a luz do dia com os nossos recursos e não nos representam, portanto, esses partidos deveriam ser retirados pela população do Congresso Nacional. 

Se fizermos isso, tenho certeza que os próximos deputados pensarão melhor antes de tomar decisões contra o que pretende mais de 70% da população brasileira. A nossa resposta tem que ser dada nas urnas. Os partidos que se enquadram mais nessa análise nas duas votações, e que portanto possuem um viés progressistas e deveriam ser votados pelas classes trabalhadoras são na ordem: PSOL, PCdoB, PT, Rede, PMB e PDT. Os demais lutaram contra o povo durante esses dois anos e portanto não merecem os votos da classe trabalhadora. 

Nunca tivemos uma oportunidade tão grande de saber quem está ao nosso lado e quem está contra nós, cabe ao povo tomar as rédeas de seu destino e escolher o caminho que quer seguir. Se é o rumo progressista que pode nos levar a ser um país soberano e desenvolvido ou se quer continuar nessa lógica neoliberal, conservadora, destruidora de direitos e do futuro de nossa nação. 

Anderson Silva

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